Brincos de duzentos mil reais! Uma pulseira de cento e dez mil. E este anel? Setenta e seis mil. Colares dignos de uma princesa!
Essas maravilhas são as esmeraldas que a gente conhece. Mas... E se a esmeralda for assim? Em vez de polida e brilhante, uma pedra bruta, mas gigantesca? Pode valer quanto?
Essa aqui é brasileira. Talvez a maior de todos os tempos! Quase quatrocentos quilos. O preço pode chegar a um bilhão de dólares, dois bilhões de reais!
“Essa aí é uma peça de coleção.”, diz o geólogo Marcos Donadello Moreira.
Foi descoberta numa mina baiana, em 2001.
E teria saído de lá por mixaria
Fantástico: Por quanto o senhor vendeu, o senhor lembra?
Seu Darcy: Eu vendi por 45 mil.
Na tradição do comércio de pedras preciosas, de muitos intermediários e contratos só de boca, ela foi passando de mão em mão. Até ser, discretamente, despachada pra fora do Brasil.
“Essa pedra foi extraída do território brasileiro sem a devida autorização”, informou o diretor do departamento internacional da AGU, Boni de Moraes Soares.
Pelo menos cinco pessoas brigam no tribunal americano pela esmeralda Bahia, inclusive
dois ex-amigos que hoje se odeiam por causa dessa disputa. Será que essa esmeralda, que não para na mão de ninguém, é uma pedra maldita?
A esmeralda gigante, conhecida por esmeralda Bahia, é o centro de uma história de negócios mal explicados, roubos, incêndios, mentiras e traição.
E essa história, você vai conhecer agora!
A esmeralda Bahia, que tanta disputa, tanta cobiça tá provocando nos Estados Unidos, foi descoberta numa região muito simples, na Serra da Carnaíba, na Bahia.
As esmeraldas começaram a ser exploradas nos anos 60. Não precisava nem cavar. Elas brotavam do chão! Não durou muito.
“Era catado em carrinhos de mão, não davam conta e logo houve a necessidade de fazer escavações rasas, que logo se esgotaram. Quando eu estive lá a primeira vez, em 72, já eram várias escavações até 30, 40 metros”, informou o geólogo.
Hoje, as minas descem até 300 metros! Tudo ainda bem primitivo. Pra falar lá embaixo, é pelo cano-fone!
E agora pra entender direitinho como é que funciona uma mina de esmeraldas, a gente vai descer a 62 metros.
Um lugar muito úmido. No caminho, mesmo a rocha que parece mais comum sempre esconde algum brilho.
Canga, ou ganga, é essa mistura de esmeralda com rocha. A esmeralda Bahia é uma canga. E, na história que os garimpeiros da Serra de Carnaíba contam, ela foi encontrada aqui.
Do outro lado, só que não dá pra ir por aqui. Por isso, nós vamos dar a volta na galeria pra chegar no lugar exato.
Não parece, porque tá cheio d"água, mas esse poço tem 27 metros de profundidade. A gente tem que passar com bastante cuidado.
“Essa foi onde foi extraída a canga e outras cangas que a gente vendeu”, disse um trabalhador da mina.
Seu Darcy ficou com várias dessas peças. É um homem de vida simples, mas dono de um conjunto raro.
Enquanto os americanos brigam por uma única pedra brasileira, Seu Darcy, no fundo da casa, tem uma coleção de várias delas, muito parecidas com a que tá lá nos Estados Unidos.
"É uma coleção de esmeralda, cangas de esmeralda", diz Seu Darcy.
Ele compra a canga bruta e vai esculpindo, para expor as hastes verdes.
Fantástico: Por quanto o senhor tá querendo vender o lote inteiro?
Seu Darcy: O lote todo um milhão. Um milhão de reais.
Mas o principal negócio na área é o comércio de esmeraldas pequenas e não tão valiosas.
Campo formoso é o principal ponto de venda das esmeraldas que saem das minas. Em lugares como esse aqui, bem no centro da cidade, a feira do rato.
“É um comércio que gira em torno aqui também. O povo fica comprando aqui e
vendendo aqui mesmo”, informou o comerciante de esmeraldas Lindomar Teixeira da Silva.
Fantástico: Essas pedras aqui, quem que compra?
Vendedor Antônio Alves: Rapaz, quem compra elas aqui é os indianos.
A grande parte das esmeraldas compradas aqui na serra de carnaíba por mais de 30 companhias indianas é vendida pro mercado árabe, onde é usada em decoração de casas e de mesquitas.
Conversamos com indianos no hotel. Fomos até o escritório deles na cidade.
Esse negócio é obscuro, envolvido em segredo. Nenhum indiano quis gravar entrevista.
As pedras chegam aos indianos na cidade, vindas das minas, que ficam afastadas, em povoados como Carnaíba de Cima.
Mesmo depois que as pedras são vendidas, vão para a cidade grande, é como se elas levassem consigo os mistérios do garimpo. É o caso da saga esmeralda Bahia, cheia de versões diferentes, depende de quem conta.
O Seu Darcy, que você viu no começo desta reportagem, diz que comprou a pedra, na boca da mina, por dez mil reais, e que a revendeu por 45 mil. Mas essa transação não aparece no processo americano.
Nos Estados Unidos, quem está no jogo são dois novos personagens: os comerciantes Elson Ribeiro e Ruy Saraiva Filho, de São Paulo. Eles têm uma versão diferente da do
Seu Darcy e da qual ele não faz parte. Elson Ribeiro afirmou à Justiça americana que a família dele era dona da mina na época em que a esmeralda foi achada.
Ele alega que, sem passar por intermediários, a pedra foi levada pra São Paulo, e foi assim que os compradores americanos entraram na jogada, na figura do empresário Tony Thomas.
ORIGEM DA INFORMAÇÃO: http://surgiu.com.br/noticia/50606/esmeralda-de-r-2-bilhoes-sai-da-bahia-e-vai-parar-na-justica-americana.html